Carine Ferreira
Anunciada ontem, a joint venture Jacobs Douwe Egberts (JDE), nova gigante do café que resultará da fusão entre as multinacionais D.E. Master Blenders 1753 e a Mondelez, não significará, pelo menos no curto prazo, mudanças significativas para os consumidores no Brasil |
Anunciada ontem, a joint venture Jacobs Douwe Egberts (JDE), nova gigante do café que resultará da fusão entre as multinacionais D.E. Master Blenders 1753 (antiga operação de café da Sara Lee) e a Mondelez, não significará, pelo menos no curto prazo, mudanças significativas para os consumidores no Brasil.
Mas, se por um lado a JDE "apenas" preservará, em um primeiro momento, a fatia do mercado doméstico de torrado e moído da D.E. Master Blenders 1753, segunda do ranking nacional, por outro terá maior escala e um portfólio mais amplo de marcas para acelerar seu avanço no país, cuja demanda interna só perde para a americana.
Atualmente, a participação da D.E. Master Blenders na receita total das vendas domésticas de café torrado e moído é de 18,4%, conforme informações da própria companhia. Essa fatia é garantida por marcas conhecidas como Pilão e Café do Ponto, no passado adquiridas pela americana Sara Lee.
Essa forte penetração fez o Brasil responder por 18% da receita global da D.E. Master Blenders em 2013 (US$ 3,4 bilhões), de acordo com comunicado divulgado ontem pelas parceiras. A Mondelez, por sua vez, ainda não tem operações de café no varejo brasileiro, mas confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a nova JDE terá escala e foco para investir de forma mais eficaz no país e em outros mercados emergentes.
A gigante que resultará da união, na qual a Master Blenders terá 51% e a Mondelez, 49%, terá sua sede na Holanda e, para sair do papel, ainda depende da aprovação de autoridades antitruste no exterior - e no Brasil. Sua receita anual será superior a US$ 7 bilhões Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), diz que as duas empresas - Mondelez e D.E. Master Blenders 1753 - fazem parte de um grupo de seis ou sete empresas que dominam o segmento de café no mundo e que representam 55% do mercado nos países importadores do grão, de todas as origens.
Embora Braga tenha realçado que o anúncio da fusão não deixou claro se ela ocorrerá em todas as frentes de atuação (compra de commodity, industrialização e comercialização) ou apenas em operações de atacado e varejo, ele aponta que as informações disponíveis sugerem que o poder de compra, ou de "manobra" da nova empresa, será de fato maior.
Analistas reforçaram que, como terá maior escala e poder de compra, a JDE tende a ter vantagens em momentos como o atual, em que os preços da commodity subiram muito, em curto espaço de tempo, por conta da queda da produção brasileira, provocada pela seca. O Brasil é o maior país produtor e exportador de café do planeta.
Para a empresa de pesquisa Mintel, a nova empresa se tornará um "sério" concorrente para a suíça Nestlé, que domina quase um quarto das vendas globais de café. Em comunicado, a Mintel estimou que a JDE concentrará cerca de 11% das vendas globais de café.
A Mintel acrescenta que a fusão é marcada por uma importante "simetria geográfica", já que a Mondelez tem boa presença em mercados vitais como EUA e China e a Master Blenders é forte no Brasil. "Espere por mais consolidação no mercado mundial de café nos próximos 12 meses", avisa Jonny Forsyth, analista da Mintel, no comunicado.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Américo Sato, espera que a JDE "caminhe para o sentido positivo" do esforço da indústria de melhorar a qualidade do café torrado e moído vendido no país. Para ele, a nova empresa deverá colocar foco no desenvolvimento de novos produtos vendidos, sobretudo em monodoses. Segundo Sato, a concentração na industrialização de café no começou há cerca de 15 anos no Brasil e a melhor forma de crescer é por meio de aquisição de marcas regionais.
CNA
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